Faixa de Gaza. Cessar-fogo pode estar perto mas bombardeamentos persistem

por Joana Raposo Santos - RTP
Na cidade palestiniana de Rafah, onde mais de um milhão de pessoas estão refugiadas, continuam os bombardeamentos de Israel. Amir Cohen - Reuters

Os esforços para um cessar-fogo em Gaza decorrem em vários palcos esta segunda-feira: na Arábia Saudita estão reunidos ministros de países ocidentais e árabes e, no Egito, mediadores vão receber líderes do Hamas para discutir um acordo. Enquanto isso, os ataques israelitas não dão tréguas: o número de mortos no mais recente ataque contra a cidade de Rafah subiu para 20.

As negociações para um cessar-fogo em Gaza estão a progredir, mas é necessário manter a cautela, avançou o ministro francês dos Negócios Estrangeiros, que vai reunir-se esta segunda-feira em Riade com o presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas.

“As coisas estão a avançar, mas é preciso ter sempre cuidado nestas discussões e negociações. A situação em Gaza é catastrófica e precisamos de um cessar-fogo”, disse o francês Stephane Sejournesa à agência Reuters na capital da Arábia Saudita, onde vai encontrar-se com outros ministros de países árabes e ocidentais.

Também em Riade para alcançar um cessar-fogo está Antony Blinken. O chefe da diplomacia norte-americana inicia esta segunda-feira uma visita de dois dias à Arábia Saudita para discutir os esforços em curso para chegar a uma trégua na Faixa de Gaza que permita, simultaneamente, a libertação dos reféns do Hamas.
Os esforços acontecem também no Cairo, onde mediadores do Egito e do Catar vão reunir-se esta segunda-feira para uma nova ronda negocial com líderes do Hamas.
No domingo, as autoridades do Hamas referiram que uma delegação liderada por Khalil Al-Hayya, um dos líderes do grupo em Gaza, iria participar nestas discussões. Em cima da mesa estará um acordo de cessar-fogo desenhado pelo próprio Hamas em reposta a uma proposta israelita de tréguas entregue no sábado.

Uma fonte ouvida pela agência Reuters avançou que o acordo de Israel inclui a libertação de 40 reféns do Hamas em troca da libertação de palestinianos detidos em prisões israelitas. Inclui ainda uma segunda fase de tréguas com um “período de calma sustentada”, ao invés do cessar-fogo permanente que o Hamas tem vindo a exigir.
Após a primeira fase, Telavive compromete-se a permitir a livre circulação entre o sul e o norte de Gaza, assim como uma retirada parcial das tropas que se encontram na região.
Bombardeamentos em Rafah fazem dezenas de vítimas
Entretanto, na cidade palestiniana de Rafah, onde mais de um milhão de pessoas estão refugiadas, continuam os bombardeamentos de Israel. Pelo menos 20 pessoas morreram e várias outras ficaram feridas num ataque aéreo contra três casas nessa zona do sul da Faixa de Gaza, segundo as autoridades de saúde locais.

Já na cidade de Gaza, a norte, aeronaves israelitas atingiram outras duas casas, fazendo pelo menos quatro vítimas mortais.

Há semanas que se antecipa um ataque em larga escala em Rafah, que Israel diz ser o centro de operações do Hamas. Os governos de nações estrangeiras e as Nações Unidas têm expressado preocupação perante essa ameaça, temendo um desastre humanitário.

Israel prometeu erradicar o Hamas e, na operação militar que lançou para esse fim, já matou mais de 34 mil palestinianos – 66 dos quais nas últimas 24 horas, segundo as autoridades de saúde de Gaza.

c/ agências
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